Omar Talih


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sábado, 21 de abril de 2012

Cade você?



As vezes fico pensando onde poderia ter se escondido a inspiração que me cercava e enchia de poesia meus pensamentos. 
O tempo corre e escorre entre meus dedos e simplesmente posso vê-lo esvair-se sem a possibilidade de fazer qualquer coisa que seja. Estou cada dia mais próximo de não mais poder fazer algo.
Hoje sinto o chão como areia numa praia deserta, apesar de ensolarada esta frio. 
Sinto saudades de tantas pessoas e não sei como dizer-lhes isto. É tão fácil e difícil ao mesmo tempo. Coisas que não me afetavam tanto ha bem pouco tempo, hoje me deixa de luto por um período maior do que admiti em outras situações iguais. Mas nenhuma situação é igual a outra porque nunca somos iguais ao que fomos ontem. Há uma dor indizível e imensurável dentro de mim. 
Olho para fora e vejo a chuva cair sobre o jardim. Parece que já não tem o mesmo brilho de vida que costumava ter. Falta alguma coisa. Falta a presença, mesmo que em pensamento de pessoas que me são importantes e que as perdi em alguma esquina do tempo. Sou um grande esconderijo de coisas inacabadas e que talvez não consiga termina-las, por mais que tente. Decidi que não faço outra coisa enquanto não terminar a começada. É um bom princípio. 
Sou como uma árvore que envelheceu. Enquanto jovem, dobrava-me com o vento e suportava as tempestades que não foram poucas. Agora, embora frondosa e forte, casca grossa e marcada sinto que a resistência já não é a mesma assim como a capacidade de me dobrar e suportar. Vejo galhos se quebrarem e a incapacidade de reconstitui-los cada vez mais presente. Sou parte de um processo em evolução, eterna recriação de atos e pensamentos...