Omar Talih


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domingo, 4 de setembro de 2016

O que temos feito dentro da "lei"

No que hoje chamamos 'era cristã', ano zero, um anarquista que vivia entre vagabundos, bêbados e prostitutas, foi incriminado, julgado e condenado, seguindo-se o que dizia a LEI e o povo saiu as ruas pedindo sua cabeça. Assim, junto com outros condenados, crucificaram um tal Jesus de Nazareth, que permaneceu esquecido como criminoso por quase 400 anos, quando então foi elevado a 'santo', que havia dado a vida por aqueles que o tinham condenado. Então, novamente seguindo as 'leis'  ou alterando-as para que o processo fosse legal, em nome do anarquista condenado, agora santo,  com apoio do povo, fizeram a "Santa Inquisição", julgando e condenando à morte, após cruel processo de tortura, para que o 'réu' se convertesse ao cristianismo e se arrependesse de seus pecados.
E, ainda dentro da lei, fizeram as Cruzadas, assassinando milhões de pessoas. Mas, não havíamos ainda feito o que podíamos e seguindo sempre as leis vigentes ou modificando-as, segundo a necessidade, fizemos a Escravidão de um povo específico, que foi considerado 'inferior' em nome do crucificado, agora santo; foram mais de 400 anos de Inquisição e Escravidão. Nada disto teria sido possível sem o apoio do povo, cidadão comum e sempre seguindo o que permite a lei.
Sempre, sempre seguindo as leis, fizemos todas as guerras, em nome do anarquista crucificado, seguimos um RITO legal, onde a lei determina o grau de violência que se pode usar para eliminar um inimigo, destruir países, fazer limpeza étnica como no Holocausto.  Dentro da lei e com apoio do povo, levamos aos Campos de Concentração, milhões de pessoas, roubando-lhes não apenas a vida, mas a dignidade, seus bens materiais e quaisquer direitos que reclamassem.
Jogamos bombas atômicas no Japão, Napalm no Viet-Nan e tantas outras no Iraque, Afeganistão, Siria... mas tudo dentro da lei, com apoio popular.
De que maneira, me pergunto, todos os males que temos feito podem ser contestados?
Desmatamos dentro da lei, jogamos esgoto nas águas que bebemos, envenenamos nossa comida, poluímos o ar que respiramos, extinguimos espécies que não conhecemos, as conhecidas também.
Nós cidadãos comuns somos assim, o que desconhecemos, destruímos e o que sabemos o que é, escravizamos, usamos em nosso beneficio, inferiorizamos e exploramos dentro das lei e em nome daquele que também dentro das leis foi incriminado, julgado e crucificado.

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