Omar Talih


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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

BANHEIROS...

O dia estava ensolarado. A temperatura de fim de outono agradável. Resolvi sair para caminhar.
Durante o passeio, encontrei uma velha amiga que convidou-me a ir até sua casa. Conversamos, falamos de coisas sem sentido e como ela tinha feito arroz branco, ofereceu-me e a acompanhei. Após comermos, conversamos mais um pouco, despedi-me dela e prossegui no passeio.
Algum tempo depois, numa rua arborizada, vejo um jovem passeando com seu cachorro. Pessoas na calçada conversam.
__ Só porque o cara é jovem, tem dinheiro, pensa que pode fazer tudo, abusam e morrem antes dos 30.
Pouco me importei com o comentário e prossegui minha caminhada. Mais adiante, senti um nó na barriga e uma insuportável vontade de ir a um banheiro. procurei desesperadamente... e como não encontro, faço as necessidades no mato,.. era apenas uma moita, mas serviu.
__ Preciso voltar para casa_ pensei e comecei meu regresso.
Parece que a comida fez um grande mal ao meu organismo, pois a dor voltou e um pavor tomou conta de mim. Arrepiado e sujando as calças, porque era impossível segurar, busco, sem conseguir pensar um banheiro e entro na primeira porta que encontro aberta.
Na casa, há um rapaz dormindo no sofá. Vou adentrando sem me importar e instintivamente vou para a suite, onde um casal de jovens dormem. Ela tem cabelos pretos e longos. Parece estar nua.
Entro no banheiro e antes que consiga arriar as calças, o rapaz que dormia no sofá surge no quarto e acorda o casal. Começa uma grande confusão.
Assustada a moça põe-se a gritar.
__ Calma pessoal... eu só quero usar o banheiro.
Meus gritos são em vão. Sem saber o que fazer, borrando as pernas, procuro uma saída.
Há uma pequena janela e quase por instinto salto para dentro dela, indo parar num porão.
O pessoal da casa tenta entrar também e começo a obstruir janela. Então dirigem-se para a porta e tentando impedir-lhes a entrada, coloco uma cadeira escorando a porta que foi completamente destruída e várias pessoas adentraram ao local.
__ Pega ele... Chamem a polícia!
__ Calma gente... não sou ladrão, só queria ir ao banheiro. Olhem meus documentos!
Um senhor que parecia mais calmo pegou os documentos e aproximou-se da janela para melhor observa-los. A moça continuava exaltada.
__ É ladrão, chamem a polícia!
O rapaz do sofá aproximou-se.
__ E aí, vagabundo... se deu mal!
__ Eu só queria ir ao banheiro!
Num ato de desespero, abaixo as calças e mostro o quanto já havia feito nas pernas.
__ Nojento... Grita a moça cobrindo o nariz.
O rapaz se aproximou com desdém. Com um golpe rápido, agarro-o e aplicando-lhe uma gravata, ordeno:
__ Devolve meus documentos senão quebro o pescoço dele. Vamos logo! Gritei.
__ Toma. Tenhas calma!
__ Calma o cacete... eu só queria ir ao banheiro.
Uma confusão maior ainda tem início, com a moça gritando feito louca. O jovem que dormia com ela não sabia o que fazer. mais pessoas se aproximam e olham pela janela.
Um barulho de sirene se ouve ao longe.
__ Calma pessoal... ele deve ter tido problemas na família, é uma questão social! Filosofa o senhor que aparentava estar calmo.
__ Minha mãe não foi prostituta e nem meu pai se matou. Não tive problema nenhum.
Olhando para o lado vejo uma porta que dá para a rua e arrastando o rapaz, dirijo-me para ela. Abro-a e empurrando-o contra os outros, saio em disparada buscando a rua.
__ Pega ele... não deixa fugir!
__ Calma pessoal... talvez ele tenha dito a verdade e só queria ir ao banheiro.
Sem olhar para traz atravesso por uma cerca de arame farpado e desapareço no horizonte em busca de minha casa.

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