Omar Talih


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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Caça & Caçador!




Muitas vezes investimos em uma caçada e ficamos por um tempo quase infinito a espera de que consigamos algo. São as necessidades que precisam ser supridas. Então caçamos. Mas, e sempre há um 'mas', o tempo passa e descobrimos que "nesse mato não tem coelho". Engraçado que outros caçadores no mesmo lugar conseguem com certa facilidade aquilo que procuramos e dedicamos tempo e atenção com resultados pífios.
É assim também quando vamos pescar. Ficamos por horas ali estacados que nem idiotas e nada acontece. Então do nada surge um outro pescador, com uma vara 'maior', outra isca quem sabe e de repente... lá esta o peixe fisgado. Assim como para o caçador que chega furtivo e leva a caça que queríamos, olhamos para o pescador e nos perguntamos em silencio. "__ O que estou fazendo de errado?". Mas continuamos a acreditar que as coisas podem melhorar e vamos para nosso roçado semear na esperança de que a colheita seja farta. Plantamos um ano... dois... três e nada acontece. Será a terra estéril? Ou a semente que jogamos para fecundar o solo não vingou? Por anos esperamos, crentes que nesse inverno a chuva virá e a terra húmida fará brotar a semente. Passam dias, meses, e nada acontece. Engraçado, a roça do vizinho parece tão mais verde, florida. Olhando para a velha estrada, vemos que o mato esta tomando o espaço e o que a princípio era largo e que se podia ver o horizonte está estreitando e mal dá para passar em dias de sol. Quando vem a chuva ficamos por muito tempo recolhidos. E me diziam quando cheguei por aqui: " Para que procurar novos caminhos, quando é fácil consertar a velha estrada." Os anos passaram e o cansaço me diz que as forças já não são as mesmas e o trabalho ficou mais pesado. Já não tenho a mesma paciência de antes, nem a disposição de investir na manutenção do caminho. Também os anos me impedem de buscar outras trilhas. Isto exige disposição, dedicação, entrega... não tenho mais o mesmo vigor. Hoje minhas necessidades são outras. Poderia mudar o campo de caça, trocar a barranca do rio, buscar outras terras para meu roçado, construir uma nova ponte noutro lugar. Agora, ancorei o meu barco, encostei a enchada, e o cano da espingarda esta enferrujado. Também não necessito tanto disto tudo. Tenho tempo, não sei quanto, mas não vou perde-lo tentando encontrar uma caça que se esconde de mim ou o peixe que olha para meu anzol e quem sabe, morde a isca do pescador ao lado. Se chover, colherei o que nascer. Minha ceara terá nova forma, outro cuidado, sem pressa, sem esperas. E quem sabe, um dia descanse feliz, deixando apenas recordações e a certeza do dever cumprido.

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