Omar Talih


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sábado, 18 de junho de 2011

Textículos...

Não usar roupas novas sem antes lavar e passar. Jamais usar roupas retiradas do guarda roupas, principalmente as de baixo, sem antes passar, mesmo que tenha sido passadas antes de guarda-las. Essa foi sempre minha recomendação. Mas, nem sempre seguimos os conselhos que damos e, pagamos caro por isso. Há anos não uso cuecas.
Elas incomodam e machucam a vigília. Pior ainda quanto tentamos dormir com elas. Ao nos movermos na cama, elas apertam os "ovos" quase fazendo omelete e 'tucham' entre as bandas como um fio dental, numa tentativa de separa-las, provocando muitas vezes ferimentos no rego. Mesmo as tipo boxer causam desconforto. Enfim, roupas de baixo causam incomodos. Porém, quando se aproxima o inverno, o frio me obriga a usa-las para manter o ninho aquecido. Assim, num desses dias de temperaturas mais baixas, apanhei uma peça limpa na gaveta, pois o cheiro da outra não estava muito agradável. Nós homens, temos o mal hábito de usar a mesma cuecas e meias mais de uma vez antes de coloca-las para lavar. E, esquecendo-me de minha própria regra, por pura preguiça, vesti uma cuecas sem passar. Fiquei com ela o dia todo e quase no final da tarde, senti uma leve cocheira na região de baixo. Após o banho, um forte comichão tomou conta do ninho. Enfiei a mão e quanto mais coçava, mais tinha vontade de fazê-lo. Recorri a auto medicação e apliquei uma pomada anti-micótica. Durante algum tempo, sapateei, sambei e balancei o cacho com duas uvas itália.

 A coceira amenizou e consegui dormir protegendo a ninhada de qualquer mão ou pernas que tentassem toca-la. No outro dia, senti um volume maior que o normal e parecia que o ninho tinha sido invadido por um exército de formigas lavapés
A coceira era quase insuportável. Coloquei a mão e o ninho de "tico-tico" a que estava acostumado, parecia que tinha sido trocado por um de galinha. Levantei desesperado e fui ao banheiro, lavei com água gelada por uns 10 minutos, sequei bem e em desespero segurei a vontade de arrancar tudo com as unhas. Eram quase 6 horas da manhã. Então passou-me a ideia de usar uma pomada veterinária que uso para curar as feridas de meu gato. "Indicações: anti-inflamatória, anti-alérgica, anti-micótica". Besuntei toda a região e fiquei andando de um lado para outro, com as pernas abertas para ventilar o ambiente. Estava só com uma camisa e uma blusa. Parecia uma pessoa que nunca havia montado em um cavalo e tinha passado a noite cavalgando em pelo. As horas passaram, a mulher foi trabalhar e eu nada conseguia fazer. A tarde, depois do banho, repeti a operação de aplicação de pomada do gatinho. Quando a mulher chegou, mostrei para ela, pedindo que olhasse se havia algum bichinho ali; um carrapato, micuim, etc. Quando ela viu o pacote assustou-se.
__ Que que é isso? Parece um coco seco!
Ela examinou incrédula. __ O que aconteceu?

__ Acho que algum bichinho me picou.
__ Você tem que ir ao médico.
Sentindo a necessidade de procurar um profissional, com um coco da Bahia pendurado entre as pernas, deixei-me levar mais uma vez pela preguiça e nenhuma vontade de ir a um hospital durante a noite. É terrível, saímos mais doentes do que entramos e a espera é um martírio. Só em ultimo caso vou ao posto saúde.
__ Amanhã, se não melhorar, eu vou.
Não foi uma noite fácil. Dormi com as pernas abertas e mal podia me mover na cama. Amanheceu. Cinco e meia. Fui ao banheiro e lavei novamente com água gelada. Parece que a temperatura a quase zero, despertava os "invasores" e provocava insuportável coceira. Peguei um outro remédio, também do gatinho, em 'spray' e jateei abundantemente o coco seco. Comecei novamente o ritual da dança para refrigeração. Após algum tempo, alivio. Voltei para a cama e mal havia me deitado a mulher me chama.
__ Nada de dormir. Você vai ao médico.
Relutei um pouco e sai da cama. Fui ao postinho que fica bem perto de casa e após alguns minutos na fila, cheguei ao guiche.
__Eu preciso de uma consulta. É que um bichinho me picou em um lugar desagradável e esta inchado.
__ Não temos mais consultas do dia, só as agendadas. Você tem que ir ao Pronto Atendimento.
__E onde tem um?
__ No centro!
E entregou-me um papel com vários endereços, três para ser exato. Mas, todos eles um tanto longe para mim. Já estive em um deles e não gostei do que vi. Para cada pessoa que olhava e via seu desespero, me sentia culpado por estar ali e tomar o tempo dos médicos que poderiam ajudar outros em piores condições. Voltei para casa meio desiludido e no caminho me lembrei de uma pomada específica para alergias a picadas de insetos. Fui a farmácia e recorri novamente a auto-medicação. Então, antes de aplicar o produto, com uma tesourinha, depenei o "coco". De nada adiantaria passar remédio nos pelos. Não economizei na dose. Poucos minutos depois o alívio. Percebi no correr do dia , que o ovo de peru de antes, agora já tinha o tamanho de um ovo de galinha extra grande, começava a desinchar.
Há nessa quase tragédia algumas lições a tirar:
1º- Nunca, jamais use roupas novas sem antes lavar e passar.
2º- Nunca, jamais use roupas diretamente do armário sem passa-las, mesmo que tenha sido passadas antes de guarda-las.
3º- Nunca, jamais faça experiência com remédios em si ou nos outros.
4º- Procure sempre um médico. Ele sabe o que receitar e a cura é mais rápida e menos dolorido que passar algumas horas numa fila de hospital.
Creio que desta vez dei sorte e embora ainda não possa ver  o cachinho com duas uvas, sinto que o avestruz deixou o ninho.

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