Omar Talih


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domingo, 3 de janeiro de 2010

Oferendas...




Todo fim e início  de ano, entrego uma oferenda aos Orixas, afinal sou espírita, para agradecer pelo ano que termina e pedir forças para enfrentar o que começa. Tem a oferenda, o objetivo de reconhecimento da presença deles, orixas, em todas as batalhas travadas durante o ano. Agradeço pelas vitórias e derrotas, pois sei que mais nos ensina os erros que os acertos. Quando acertamos, esquecemos e vamos em frente, ninguém pára para analisar o que fez de certo naquela batalha, qual estratégia foi usada. Nos erros, analisamos cada mínimo detalhe, cada mudança e o que deveriamos fazer para acertar. Nas derrotas, tornamo-nos mais confiantes, prestamos mais atenção para não cometermos os mesmos erros.
É natural, que durante uma batalha em que estamos perdendo, clamemos por todos os Santos e muitas vezes pelos demônios, para que venham em nosso socorro. Muitos dirão que jamais o fizeram ou o fariam. Será? O que são as promessas? Será que tudo que se pede nas igrejas são, apenas o bem para si e para os outros? Se o fosse, não teriamos rituais de magia negra, missas satânicas, etc.


Voltando ao ritual de passagem de ano, este, 2009/2010, foi diferente.
Os preparativos começam logo pela manhã de 31 de dezembro. Tenho que me concentrar e invocar as forças que movem nosso universo. É preciso sentir a presença de todos os espíritos a minha volta.
Naturalmente, há interferências: Mulher, filhos, telefone, compromissos com festejos programados por parentes e amigos, TV., fogos... Tem se que manter o foco.
Que tipo de comida dar aos orixas e a qual deles oferecer? O preparo é tão importante quanto os ingredientes que compoem a oferta. Onde "arriar" também é uma preocupação.
Primeiro, durante o dia, trato dos "Exus", oferecendo farofa de pernil apimentada, bebidas e charutos. Eles são os guerreiros que vão à frente nas batalhas, aqueles que abrem ou fecham os caminhos. Este ritual, consome muita energia física e mental, mas ao término, sente-se uma leveza no corpo e na alma.
Já ao cair da noite, alimenta-se o Orixa que comanda sua cabeça: Ogum, meu caso, Yemanja, também, Oxossi, Xango, Iansã, Oxala e por ai vai. Cada orixa, tem sua comida própria, a maneira correta de entregar e pedir o que se deseja. Por último, nos primeiros minutos do novo ano, tomo um banho de ervas, para entrar nele, com o corpo e a alma lavadas de tudo que deve ser deixado no passado, mesmo que tenhamos que resolver coisas inacabadas. É como se nesse intervalo, trocassemos as armas danificadas, cuidassemos das feridas e voltassemos renovados e de moral alta para a luta.
2010 foi diferente. Não houve oferendas, não houve banho.
Minutos antes da virada, fiz uma oração, pedindo perdão por quebrar uma tradição de tantos anos, agradeci pelas batalhas vencidas e perdidas. Havia naquele momento, muitas feridas abertas e o gosto amargo de algumas perdas ainda queimavam por dentro. 
De repente, senti-me abraçado, envolto numa luz forte e quente. Uma lágrima correu e o choro tirou um enorme peso dos ombros.
Os Orixas não fazem milagres curando instantaneamente suas feridas do corpo e da alma. Eles dão forças e mostram o caminho e os meios para se curar. Mas é preciso que voce queira e busque a cura. Eles não tiram as pedras de seu caminho, te ensinam a caminhar entre elas e a remove-las quando necessário.
2009 foi o fim de uma etapa. Uma nova esta começando. 

Um comentário:

  1. tem feridas q nunca se curam... mas é bom receber algum conforto q nos faça seguir em frente!

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