sexta-feira, 23 de outubro de 2009
(Amar se aprende amando)
O amor antigo.
O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não.
Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
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