Omar Talih


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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Viagem de trem. Uma aventura.

Muitos dizem que não gostam de S.Paulo por acha-la suja, barulhenta e cheia de gente.Muita gente; de todo tipo, matizes e procedência. Para mim, é uma deliciosa aventura. Ver pessoas, ouvir suas histórias entrecortadas pelo chegar e partir em cada estação. Me fascina observar a maneira de se vestir, falar e se comportar na multidão. Pessoas feias; lindas na naturalidade, na expontaneidade de gestos e falas. Contam suas vidas para os que as acompanham, sem se importarem que outros a sua volta as ouçam. Sentem- se em total privacidade e segurança na multidão.
Sentado em um banco qualquer, vejo pessoas que não me vêem, ouço-as sem ser ouvido. Muitos me olham, poucos se importam com minha presença. Talvez nunca mais voltemos a nos encontrar. Observo cada pessoa a minha volta e tento decifrar seus pensamentos, de onde vem, como vivem. É um exercício banal, apenas um passatempo. Na verdade não estou bisbilhotando a vida alheia. Sinceramente, admiro essa gente, gosto de estar no meio e ouvir as histórias, sentir os cheiros, nem sempre agradáveis. Da janela posso ver casas amontoadas, vermelhas, substituindo os barracos de madeira, tão comuns nas favelas paulistanas.
Lembro-me das viagens que fazia tempos trás... muito tempo... O trem fazia longas viagens, atravessava estados. As vezes ficava doze ou mais horas ali num balanço constante: " Café com pão... bolacha não... Café com pão, café com pão..". Ou como dizia o poeta: " O povo tem fome... o povo tem fome... dá de comer..." e quando chegava à estação ia dizendo: " cala a boca... cala a boca... vou te prender..." e parando "SSSSSSSSSSSSSSS".
As viagens de hoje são curtas. Divirto-me muito, me deixo envolver nessa aventura que fascina e acalma....

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