Omar Talih


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domingo, 25 de julho de 2010

uma história.

A viagem ao Mato Grosso mudou radicalmente minha vida. Estava eu um tanto 'borococho' e desanimado até então. Quando voltei, queria contar numa linha cronológica o que se passou, mas descobri que a nova vida não o permitirá. Resolvi apenas contar as várias histórias e localiza-las no tempo para se entender ou não  a tal " linha do tempo". Quando recebi o convite para ir ao Pantanal, meu amigo me dizia que queria me mostrar um rio: O Teles Pires. É um rio que corta o Mato Grosso.
Ele havia visto o rio há alguns anos e ficou encantado. Pescou, embora ele não seja pescador e nada tenha fisgado, por um dia, mas se apaixonou pela paisagem e o motivo maior para a viagem era ver novamente o rio e me apresenta-lo. Assim, tudo se justificava e eu estava ansioso para conhece-lo e colocar meus pés em suas águas. Viajamos por 2400 km aproximadamente até a cidade de Guarantã do Norte, divisa com o Pará e teríamos mais 100 km até o rio, num total de 2500 km para ir e outros  para voltar. Naturalmente, não foi o primeiro lugar que visitamos. Outros afazeres nos prenderam e só pudemos ir até as margens do Teles Pires na quinta feira a tarde. Deixamos a cidade de Guarantã por volta de 13 horas. Há diferença de 1 hora em relação a São Paulo. Quando são 12 por aqui, lá ainda são 11. Abastecemos a caminhonete e pegamos a estrada. Estávamos em cinco pessoas; Meu amigo, seu filho, o irmão que mora por lá, o outro irmão que viajou conosco e eu. Seria uma viagem confortável. Andamos no asfalto por uns 20 ou 25 km e começou a terra. São estradas mal conservadas e muito usadas por caminhões. Logo que deixamos o asfalto, topamos com uma boiada.
Foi encantamento puro ver os peões conduzindo o gado, cobertos de poeira, montados em burros. Um dos peões veio até o carro e foi andando em nossa frente vagarosamente, abrindo caminho para que passássemos. Tínhamos que acompanhar seus passos, pois uma bobeira e o gado nos fecharia. Havia umas mil ou mais cabeças e a travessia durou alguns minutos. Ainda extasiados e comentando o fato nos deparamos com outra boiada alguns quilometros a frente, repetindo o ritual de passagem entre os bois. Nessa, o boiadeiro foi um pouco mais rápido e fomos envolvidos pela boiada, mas ele voltou e nos escoltou em segurança até o outro lado. Então, quando terminamos de passar, um deles nos pediu que entregássemos uma encomenda para a carroça que vai a frente para preparar a janta da comitiva, num lugar onde passarão a noite. Abobados, continuamos e após passarmos por uma ponte, paramos para tomar um refrigerante num 'bar' de beira de estrada. Não sei se posso chamar aquilo de bar, mas era o que tínhamos e fomos até lá. Ao conversarmos com a atendente, uma mulher que mora em Americana, SP, e que estava lá visitando uma amiga, ficamos sabendo que a ponte que acabamos de passar estava caindo e por precaução, eles tinham colocado a caminhonete deles do outro lado, pois se a ponte caísse, eles teriam como voltar. Perguntei ao meu amigo: " Você terá coragem de passar aqui novamente quando voltarmos?" e então comentei que estávamos parecendo personagens de desenhos animados que depois de passar a ponte ela cai. Na volta nos preocupamos com isto, foi a resposta.Seguimos viagem. Creio que estávamos no meio do caminho, a uns 40 quilometros do Teles Pires. Chegamos ao rio por volta de 15 horas, um pouco mais talvez. Teríamos que estar de volta em Guarantã as 18, 18h30min, no máximo. Estacionamos próximo ao atracadouro da balsa que faz a travessia do rio. Descemos. Eu fui para a margem  e fui seguido pelo meu amigo. Pouco mais adiante, os outros. Na margem que estávamos, forma uma praia com dois metros antes do rio ter uma profundidade respeitável, e respeitamos. De repente um corre, corre. Uma cobra assustou-se e assustou um dos rapazes. O Raimundo, que mora por lá.
Ela correu para a água e ele na direção oposta. Passado o susto comentei: "O que você vai dizer para seus alunos e como será a reação deles ao saber que você viajou mais de cem quilometros para ver uma cobra!". Tiramos as tralhas de pesca e arremeçamos o anzol. Nada... nenhum beliscão, nada de peixes. Vinte minutos depois, o chamado; 'Vamos embora!' Eu estava com os pés na água até o joelho. Sentia a areia movimentar-se sob os pés. O sol estava escaldante. Uns 40º no mínimo. Recolhemos tudo, guardamos e demos uma ultima olhada para o rio. Ele seguia seu curso sem notar nossa presença. Do momento da chegada até a partida foram apenas 40 minutos, não mais. Tomamos a estrada de volta. A medida que nos afastávamos, o sol parecia se esconder e aos poucos foi nos mostrando um entardecer que jamais vi em outro lugar. Por volta de cinco horas da tarde, estávamos novamente junto a ponte que ameaçava cair. O motorista parou e descemos todos. Fomos inspecionar as condições de travessia, afinal, estávamos a mais de 2500 km de casa e não se pode jogar uma caminhonete de quase 100 mil reais no leito de um rio que não sabíamos a profundidade. Apenas o condutor no volante e os outros orientando ou atrapalhando a travessia que foi feita cuidadosamente. Embarcamos e seguimos viagem. Na hora combinada, 18h30min estávamos de volta a casa de nosso anfitrião, depois de viajar 200 km para ficar apenas 40 minutos a beira do rio, felizes por ter cumprido a missão. Não importava o tempo que permanecemos lá, mas sim termos estado lá. 

3 comentários:

  1. Eita... talvez eu esteja precisando de uma viagem.

    Dá um ânimo mesmo.
    =D

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  2. Realmente nada como ir pra longe..

    bjs
    Insana

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  3. gostei do novo layout do seu blog!
    Espero que a proxima parte da aventura não demore tanto... rsrs
    Querosaber o que aconteceu que mudou sua vida rsrs

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