Omar Talih


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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Viagem, início.

Dentro do carro, cinco adultos. Mundos e pensamentos diferentes que teriam, como num reality show, 2300 km de convivência e conflitos. Eu, como convidado, conhecia apenas meu amigo e seu filho de 22 anos que foi nosso motorista por 4 dias e 4 noites, divididos em duas etapas. Ida; de 16 horas do sábado até 15 horas de segunda, quando chegamos ao destino e de 4 horas da manhã do outro sábado até 19 horas do domingo, quando chegamos de volta. Quando cheguei ao local de partida, tudo estava pronto, embarcamos e partimos sem rodeios. No carro: Dito, o pai e meu amigo, Diego o filho, Gil, o irmão e dona Santa, a mãe e avó, com 70 anos e muitas manias, todas muito hilárias. Gil é um homem deficiente, perdeu uma das pernas em função do excesso de fumo. Sim, o cigarro levou-lhe não apenas o dinheiro, mas o orgulho, a força e o tornou um tanto amargo. Ele se faz dependente e se aproveita da deficiência para usar dos 'serviços' que as pessoas podem fazer em seu benefício. Dito teve uma infância sofrida, passou muitas necessidades e hoje tem muita gana em acumular bens materiais, numa tentativa de suprir algumas carências, afetivas inclusive. Estatos, poder, nome de relevância no meio social, etc. Diego é chamado "Pai", numa inversão de valores, é na verdade o 'filhinho do papai', que tudo pode, e por quem pai e mãe se desdobram para realizar seus desejos. "É meu bebe", como ele diz. Dona Santa, é muito franzina, com marcas deixadas pelo tempo e vida difícil. Religiosa, passa o tempo todo rezando num eterno agradecimento. São no mínimo 40 minutos de coxichar após as refeições, café da manhã e antes de dormir. Como qualquer idoso normal, come feito uma lagarta e comer algo mais sempre é bem vindo, em suas próprias palavras.  Nesse universo de visões convivemos harmoniosamente por 10 dias.

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