Omar Talih


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sábado, 31 de julho de 2010

Como é difícil...

As vezes vivemos situações que nos parece diferente do cotidiano e nos encantamos com tudo por ser realmente inusitado para aquele momento. Queremos muito contar um fato e as palavras nos fogem, os sentidos não são os mesmos que estão em nosso cérebro. O pensar e escrever não seguem a mesma linha de raciocínio. Esta sendo assim com a viagem ao Mato Grosso. Passo horas pensando no que vou dizer e como, mas quando me sento na frente do computador, as palavras mudam e tomam outro sentido. Mas;
"Quando chegamos ao Pantanal, na verdade uma cidade do Mato Grosso, sabíamos que teríamos pouco tempo para fazer qualquer coisa e assim planejamos o que seria a terça feira. Iríamos até o rio Braço Norte para 'pescar'.


 Na noite de segunda fomos a uma exposição de gado. Naquela região é o que mais chama a atenção do povo. É parte do que eles fazem: Criar gado! Pela manhã de terça, jogamos as tralhas num caminhão, pois passaríamos a noite na beira do rio e, partimos. Na cabine, ia o Diego, filho de meu amigo, um casal que trabalha para o irmão de meu amigo. O homem, fim ou fininho, era o motorista e a mulher dele, que não me lembro o nome, faria a comida e também participaria da pesca. Se pensam que ela faria a comida por ser mulher, enganam-se. É que ela gosta mesmo de estar no meio destas aventuras e não perde uma oportunidade. Além de que tem uma prática que nós não temos nessas situações. E a comida que ela prepara então? Não há como comparar com nada. São aproximadamente 50 km de estradas ruins e pontes que se víssemos antes de passar, não o faríamos. Em alguns trechos, tínhamos que passar pelo rio, pois as pontes haviam caído. Nos embrenhamos no mato e após algumas horas, chegamos.  Rapidamente, foi montado um acampamento 'cigano' e feito um fogão a lenha entre duas pedras. O caminhão seria nosso abrigo para passar a noite, pois teríamos que dormir um pouco. Era mais ou menos 15 horas. Fomos para a beira d'água. Pouco depois, chega uns garimpeiros. Eles são muitos naquela região. Conversamos.


"Podemos tirar umas fotos? -pergunta meu amigo a um deles. "Claro, foi a resposta- Desde que não apareça no 'linha direta'. Ele se referia a um programa de TV que mostra criminosos procurados e que estão foragidos. Sabemos que no meio de garimpeiros, boiadeiros e outros trabalhadores estão muita gente que não quer aparecer. E um deles não olhava diretamente para nós além de ter tapado o rosto quando fotografado. Os garimpeiros passavam constantemente de um lado para outro, buscando e levando ferramentas, mas o rapaz em questão não apareceu mais, enquanto estivemos por ali. As horas passaram rápidas e começou a anoitecer. Fomos jantar. Ensopado de piranha, peixe frito, carne de jacaré arroz e feijão. A noite, entramos em um barco e fomos tentar a sorte no rio. Horas de espera e nada pegamos. Apenas ouvíamos os peixes pularem e os olhos dos jacarés as margens do rio. Desistimos. Após tomarmos um café feito na hora, no fogão a lenha, fomos dormir. Deitamos na seguinte ordem, da cabine para a carroceria do caminhão. Cada um tinha seu saco de dormir, cobertas e tal. Diego, o pai dele, eu e o casal. Como estávamos muito cansados, o sono chegou rápido e profundo. Os roncos de meu amigo, pareciam uma serra elétrica cortando madeira. Na mata, podíamos ouvir gritos de macacos e porcos do mato e um pouco mais distante o urrar de alguma onça. No começo da madrugada, acordei assustado com o balançar do caminhão. Imaginava que algum bicho poderia estar em baixo dele e tentando subir onde dormíamos. Ainda meio sonolento atentei para os sons que vinham do casal que estava ali conosco e percebi que estavam apenas transando sem nenhum constrangimento. Virei para o lado e adormeci. Pouco depois, novamente acordo com o balançar do caminhão e lá estavam eles novamente fazendo sexo. No total, foram três, sem nem se lembrarem que estavam com outras pessoas ali. Meu amigo e o filho dormiam como pedras e nada viram ou ouviram, mas contei para eles, depois, quando voltamos para a cidade. Pescamos apenas alguns peixes que por chamam "lobó', são trairas para nós. O engraçado foi que os garimpeiros chegaram numa caminhonete Mitishubishi novinha cheia de tralhas e nem aí por deixa-la na beira do rio. Alias, as caminhonetes são comuns por lá. E são dessas que por aqui são somente para quem tem muito dinheiro. Lá o que vemos pouco são carros populares, acho que não aguentam o trabalho e as estradas de terra. No total, pescamos 8 piranhas, 15 lobós, 2 pintados de no máximo 1kg e um piau pequeno. Valeu a aventura e ver as paisagens que para o morador local passa despercebido, mas para um forasteiro é encanto puro.

Um comentário:

  1. Ando numa fase assim difícil,em silêncio,as palavras ficam sem ação não recebem comando do cérebro que pede aos dedos para sair dessa indiferença,esforcei-me para deixar aqui estes rabiscos,mas foi bom creio que consegui sair da inércia.Omar desejo que tenha ânimo para continuar a descrever tudo que viu em sua viagem,deve ter sido ótima.Obrigada pela tua visita.Ótima semana.beijoss

    Lia...

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