Omar Talih


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domingo, 8 de agosto de 2010

Quem não é o maior...

As vezes me pego lendo alguns blogs ou ouvindo pessoas reclamarem que sua auto-estima esta baixa, tão baixa que é preciso microscópio para vê-la. Também vejo e ouço lamentos por causa de apelidos ou alguma maneira de "humilhação".  Qualquer coisa hoje é motivo para se sentir humilhado e por quase nada se sente num baixo astral que dá dó. Não eu! Quando era garoto e existia descaradamente preconceitos sem nenhuma lei que punisse os racistas, embora hoje ainda seja difícil de fazê-lo, eu tinha muitos apelidos. Mas sabia distinguir o que era racismo e preconceito daquela gozação que há entre amigos e pessoas do nosso convívio. Tinha um amigo em especial que me chamava de "Q-suco", de asfalto. Era apenas um apelido e nunca me importei com isso. Outro me chamava de "Beiço", nem preciso dizer porque. Mas com o tempo meus lábios ficaram menores e perdeu o sentido do apelido. Havia outro que me chamava de "Canoa". Cada um a dessas alcunhas, tinha um motivo. Não sou negro, mas moreno e frequentava uma piscina de um clube e estava muito queimado de sol, por isso Q-suco, quanto ao Beiço, é porque realmente os tinha carnudos e muitas meninas gostavam, acho que os garotos tinham um pouco de inveja. Canoa, foi por causa de um presente que ganhei; um par de sapatos com numero muito maior que o meu, assim, ficava parecendo que eu estava calçando um bote e não afundaria se entrasse na água. Como eu não dava importância e até me juntava a brincadeira, os apelidos não pegavam. Mas, houve um momento em que me senti pra baixo e meio sem ver perspectiva. Um dia vi uma propaganda de uma distribuidora que estava chegando ao Brasil. Como ela era pequena, dizia que: Quem não é o maior, tem que ser o melhor. Sou o terceiro filho de seis. Sou o único com pele escura, gene herdado de minha mãe que tem decendencia indígena e avós negros. Do lado de meu pai, são de origem portuguesa ou coisa que o valha, mas é distante. Meus irmãos, além de não serem 'morenos', são altos e eu não. Mas, sei que a natureza sempre dá uma compensação por algo que nos falte. No lugar da altura, me deu inteligencia. Como eu não era o maior, tinha que ser o melhor. Só há um meio de ser melhor: estudar! As pessoas de minha época não valorizavam muito o estudo e somente as famílias mais abastadas estudavam os filhos. Eram engenheiros, médicos, etc. Por isso ainda há o costume de se chamar alguns profissionais de "doutor", mesmo que não o seja e a maioria não o é. Estudei alta costura, moda e desenho de moda, astrologia, culinária, grafologia e um monte de outras coisa de pouco uso prático para os padrões de nossa cultura. Assim que precisei escolher algo que poderia me dar dinheiro, fiz TURISMO, EDIFICAÇÕES e CORRETOR de IMÓVEIS. São profissões de nível técnico, mas que me garante uma ótima renda e muito prazer na execução delas. Adoro construir, vender e comprar imóveis e passear, passear muito e ainda ganhar por isso. Jamais me senti ofendido por apelidos ou mesmo discriminação, acho até que não sofri tanto. O meu maior problema é que não sou nem branco nem negro, assim não sou "aceito" por nenhum deles, mas tenho transito livre em qualquer lugar, nada que me preocupe. Creio que isto tudo depende de como encaramos os acontecimentos em  nossa vida. Aceitamos que nos humilhem e ficamos com a estima em baixa ou simplesmente fazemos como quando espirra um pouco de sujeira em nós: lavamos e continuamos a vida. Certas coisa só pegam se nós ajudarmos, aceitarmos e, cada um tem a capacidade de escolher o que quer para a sua vida, do mesmo modo que cada um dá o que tem de melhor de si.

2 comentários:

  1. "Aceitamos que nos humilhem e ficamos com a estima em baixa ou simplesmente fazemos como quando espirra um pouco de sujeira em nós: lavamos e continuamos a vida. Certas coisa só pegam se nós ajudarmos, aceitarmos e, cada um tem a capacidade de escolher o que quer para a sua vida, do mesmo modo que cada um dá o que tem de melhor de si."

    Muita verdade... concordo! Adorei seu texto e sua história! Parabéns!

    Quando era pequena era zoada com a menina magrela, nerd, tachada de bobinha. Me sentia mal com isso.. mas a medida que crescemos, minha autoestima mudou. Agora diferente de nerd, sou uma pessoa com a aparência séria, que impõe respeito. E não deixo de transparecer isso.. pois realmente gosto dessa impressão. Bem diferente dos meus choros escondidos de criança. =)

    bjooos

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  2. As pessoas de hj são fracas!! no meu tempo (rsrs)...

    Sério agora, isso de bullying, cyber bulling e o diabo a quatro é pura encheção. Não que não exista a gozação... mas não seria melhor educar as crianças para que sejam seguras e valorizem o que tem de melhor ao inves de ver só os defeitos? próprios e dos outros?!

    E pra começar, pq diabos eles usam o nome em ingles?! tenho uma raiva disso!!!

    No mais... belo texto!!

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