Omar Talih


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domingo, 14 de junho de 2009

A CASA DE MEU PAI

Lembro-me, ainda pequenino, da casa humilde, de paredes de barro e piso de terra batida.
A mobília quase inexistente. Uma mesa de tábua corrida, feita por meu pai, pequenos bancos confeccionados com sobras de madeira. Um fogão a lenha, onde todo dia me sentava logo cedo para saborear o café passado no coador de pano.
Móvel comprado, somente uma cristaleira com vidros bisotados. Camas, não sei, talvez presente de alguém que as trocou por novas.
Tudo ali era simples, sem luxo. Éramos seis, mas logo a família iria aumentar. A comida modesta, de gente do interior, feita no fogo a lenha ainda de madrugada pois, deveria ser levada para a roça onde se almoça cedo.
As brincadeiras de criança não me lembro, se perderam na memória, ficaram no passado.
A casa de meu pai era como um ninho, pequenina, simples, construída com suas próprias mãos.
Lá estávamos protegidos. Se éramos felizes não sei. Não tínhamos t.v., telefones, computadores e tantas modernidades que temos hoje, mas não me recordo de tristezas. Nunca ouvira falar em "estresse, aids e depressão". Doenças havia. Muitas... e morria-se cedo.
A casa de meu pai era o cantinho dele, onde chegava pela tardinha e depois da janta podia fumar seu cigarro de palha ouvindo rádio a pilha.
Era pequenina a casa de meu pai. Era nosso ninho.
Hoje, moro em casa de alvenaria, com reboco e pintura, luz elétrica, água quente, teve a cores, computador, telefones, micro-ondas e todo conforto da vida moderna. Apesar de tudo isso, ela não é aconchegante, não é o ninho onde se recolhe e se sente seguro. Ninguém está feliz com o que tem. E quanto mais se possui, menos satisfeito se está.
A minha casa não é como a casa de meu pai.
A dele, mesmo bagunçada era aconchegante. A minha é uma bagunça desorganizada.
Gostávamos da casa de meu pai, mesmo sabendo que um dia teríamos de deixa-la.
Era para lá que levávamos os amigos, namoradas. Hoje tem se vergonha de morar na minha casa. Não se trás amigos e muito menos namoradas.
É... realmente minha casa não é como a casa de meu pai.

Um comentário:

  1. A casa do meu pai é diferente, tem bagunça, tem sujeira, gritaria... tem tudo isso...
    Mas na casa do meu pai tem uma coisa que eu não encontro em outro lugar: MEU PAI!!
    A casa dele não é lá grande coisa, as vezes me lembra uma colcha de retalhos, mas tambem cada pedaço traz uma história ou lembrança.
    Nunca tive vergonha da casa do meu pai, sempre levei quem eu quis para lá...
    Se as pessoas se importavam com a simplicidade ou se se sentiam incomodadas eram pessoas que não valiam a pena...
    A casa do meu pai já não é meu ninho, pois criei asas, mas é o lugar pra onde se pode voar no inverno e sabendo se que o que mais importa permanece lá... Meu PAI

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