Omar Talih


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sexta-feira, 5 de junho de 2009

PAIXÕES TARDIAS..?

Enquanto somos jovens, nos entregamos a tantas empreitas que nos esquecemos das paixões. Não que não as tenhamos. Sim, mas são tão misturadas a outros sentimentos e envolvidas em tantas outras conquistas que nos distraímos e não damos a atenção que elas precisam.
Durante muito tempo nos ocupamos com a carreira, dinheiro, cuidados do corpo, amores de verão, de inverno, casamento e filhos. Passamos mais de dois terços da vida ocupados e nos esquecemos de viver.
Quando nos aproximamos da velhice, da morte que fazemos questão de não mencionar e já não temos tanta pressa, nem queremos conquistar o mundo, quando nos importa mais a qualidade do sexo que a quantidade, queremos uma paixão.
Muitas vezes a vida e seus percalços nos tornaram temerosos nos relacionamentos, exigentes na escolha dos parceiros e acabamos sozinhos. Outras, estamos amarrados a um casamento que não nos deixa felizes, mas não conseguiamos nos desvenciliar.
Assim como nunca nos preparamos para a morte, também não sabemos o que fazer com o tempo a nossa disposição, a liberdade de ver os filhos crescidos, as prestações da casa pagas, a aposentadoria a nos lembrar que não somos mais necessários no sistema produtivo.
Com medo de uma "paixão tardia", muitos se entregam a criar netos e tentar reviver coisas do passado, sobrevivendo num tempo de angustia e afastamento.
Quantas promessas fizemos e não cumprimos? A quem ficamos devendo?

Não dinheiro ou bens materiais. Mas afeto, carinho, atenção. A presença física, mesmo que por alguns instantes, para simplesmente dizer "Olá, como vai?".
Passamos o tempo a nos prometer coisas e nos habituamos a nega-las. Sempre encontramos um meio de adiar, evitar fazer.

Medo? Por que temos tanto medo da vida, se a morte é única certeza que temos.
Nada trouxemos... nada levaremos. Então porque tanto temor e auto negação?
Tenho visto muitos se entregarem com fervor a uma religião, tentando se redimir e prometendo a si mesmos uma recompensa pós morte, por tudo aquilo que negou-se durante toda a vida.
Até quando passaremos a juventude fugindo da vida e os últimos anos entregues a frustrações e lembranças do passado, simplesmente esperando a morte chegar?

O que nos impede de vivermos cada etapa com fervor, envolvimento, amores possíveis e impossíveis também?
"Você já passou dos 50", dirão alguns. "Já não tem o vigor da da juventude", dirão outros.
Agora que passamos dos 50 e não temos aquele vigor, aquela vontade de conquistar o mundo, transar com todos os parceiros possíveis, não importa o sexo... temos outros atributos que só se conquista com o passar dos anos. Temos maturidade, experiência, conhecimento e uma paciência que dificilmente teríamos aos 20 ou 30 anos. Já não temos pressa em gozar e ir para o futebol com a galera. Podemos namorar a noite toda, sentir e dar prazer à companhia.

Contemplar a natureza e observar cada detalhe. Respirar seus odores, sentir o toque suave do vento a nos afagar os cabelos, o sol que nos bronzeia e aquece.
Podemos e devemos nos pagar as promessas feitas, nos apaixonarmos sem medo.
Viver com intensidade os anos que nos restam... Todos eles.

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