(Drummond)
Os amantes se amam cruelmente
e por se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são?
Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar:
e não percebem quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada.
Ninguém.
Amor, puro fantasma que os passeia de leve,
assim a cobra se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido continua a doer eternamente
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