Omar Talih


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sábado, 1 de agosto de 2009

Soltando meus cachorros.

Repressão, confinamento, amarras. Tantos anos de aprisionamento numa cela sem portas nem grades.
Por que me fiz prisioneiro?
Tantas justificativas para o que não tem explicação. Tempo perdido com palavras ditas numa, entendida
n'outra língua. Ouve-se o que se quer, entende-se o que convém..
Horas passam... desperdício.
Por que dar-te-ia uma rosa, se posso ferir-te com os espinhos?
Para que dizer-te palavras de amor, carinho, se posso criticar-te a poesia?
Por que saciar-te o desejo de sexo, fome de atenção, se me é mais fácil cobrar-te a castidade
e proibir-te os olhares?
Como posso ver-te tão feliz, se não posso sê-lo?
Na verdade não sabemos o que fazer com o tempo que temos a nossa disposição.
Casa pequena, enorme cama. Tão grande que dormimos lado a lado sem um toque,
sem notar a presença um do outro.
Dores, amores, dissabores... Estou soltando meus cachorros.
Quero vê-los correndo pela chuva, rolando pela lama, penetrando pelas matas em busca de aventuras.
Quero-os soltos, livres das amarras, cães sem dono... vira-latas.
Melhor vê-los magros, sem comer,que amarrados sem alcançar água e alimento.
Melhor vê-los dormindo ao relento, livres, que prisioneiros em canil reluzente.
O mesmo pão que alimenta um, envenena ao outro.
Pensamentos doces, ferinas palavras. Milagres no olhar, pecados a pagar.

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