Omar Talih


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sábado, 12 de junho de 2010

26º... comemorar?


"Você me tem fácil demais,
Mas não parece capaz
De cuidar do que é seu..."

Dia dos namorados, vigésimo sexto! Parece reprise de filme ruim.
Todo ano, tento esquecer o anterior e procurar um motivo para comemorar:
Casa limpa, louça e roupa lavada, janta feita, enquanto você faz as unhas.
Mesmo não gostando, faço o molho de saucicha que pediu.
Banho tomado, espero que veja sua novela. As horas passam, você se acomoda ao lado na cama.
A seu pedido, abro mão do que assisto para que veja o que quer. Se foi o dia, já é outro.
Me aproximo na tentativa de namoro, beijos e sexo, um pouco se possível.
"__ Se aquieta!" É o que ouço.
Faço-me de desentendido. "__ Tira a mão e dorme, dorme."
Desiludido, como em tantas outras vezes, viro para o lado e sufoco o desejo.
Não era isto que havia planejado para o 26º dia dos namorados.
Noite mal dormida, você ronca ao lado em sono profundo. Amanhece.
__ Bom dia! Me diz, como se aquela tivesse sido a melhor noite do ano.
Não respondo. Você sai, volta pouco depois com uma xícara de café, numa tentativa de suborno:
__ Bom dia! Sem resposta.
Um bom dia é reflexo de uma boa noite, não foi o que houve.
As vezes me manda e-mail com histórias de amores perfeitos do jeito que você quer;
"O homem que cuidava da mulher com alzheimer, que tomava café com ela toda manhã,
mesmo que ela não o reconhecesse..."
Você não tem este mal, mas age como se fosse algo pior: falta-lhe visão.
Há anos cuido de você, faço suas vontades, deixo de "molho" o que quero para
fazer o que você quer.
Fazemos sexo quase como obrigação. Como se tirássemos o excesso para o copo não transbordar.
E assim passamos os meses, anos, reprisando sempre o mesmo filme ruim.
Já existe 3D e estamos ainda com fitas magnéticas. Então como ter um bom dia?

3 comentários:

  1. *
    uma bela narrativa,
    em optima texto,
    parabens,
    ,
    cuidado com o 26,
    é duplo 13, srsrsrsr,
    ,
    abraço,
    ,
    *

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  2. Namora a poesia então! Embriague-se nela e dela, como manda Baudelaire!
    Abraços

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  3. o triste é pensar que o proximo será igual

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