Adentrei numa floresta, atraído pela aventura. Tinha em mente trilhar caminhos conhecidos e ficar a uma distancia segura, de maneira a poder voltar quando achasse conveniente. Senti-me inebriado com os cheiros, aromas e sabores, embriagado com as belezas, cachoeiras e cascatas,
remanso de águas límpidas e refrescantes. Tudo era envolvente e de repente vi-me perdido e sem saber que rumo tomar ou como retornar a trilha original. Nas matas a noite cai rápido e a escuridão e desconhecimento são assustadoras. Honestamente não sabia o que fazer. Já havia me aventurado tantas vezes por estas selvas e delas saia tranquilo, satisfeito com a viagem. Desta porém, encontrava-me envolto pela escuridão, pelos sons desconhecidos, pelo medo de uma situação poucas vezes antes vivenciadas. Noutras aventuras, percorria os caminhos deixando marcas que me guiariam o retorno e certo dos perigos de se adentrar muito profundamente nessas matas, ali somente retornava quando não mais havia odores e sinais deixados por mim.
Sei que no meio desta escuridão, acendi uma fogueira para iluminar e aquecer até que raiasse um novo dia e então encontrasse o norte de minha rota. As horas, quando se esta perdido, correm lentas, sem pressa e em seu passar mais me sentia perdido, aflito, pois, sei que os caminhos se fecham, tornando a volta mais difícil. A medida que a noite me envolvia, mais lenha colocava no fogo. O trepidar das labaredas e brasas voando no ar fizeram me esquecer de alguns cuidados e encantado com o espetáculo outra vez estava envolvido. De repente rompeu-se um incêndio na floresta e o controle fugiu de minhas mãos. Confesso que a experiência evitou um mal maior. Lutei para debelar o fogo, mas enquanto apagava um foco aqui, outro surgia mais a frente e sem perceber mais adentrava na floresta. Hoje, sinto-me em meio a um braseiro que aquece mas não queima, abundante água que não apaga este fogo e nem posso saciar a sede. As vezes vejo as chamas se extinguindo numa direção e me encaminho para lá, mas sempre há lenha nova a cair e dar nova vida ao fogarel. Vou quedar-me silencioso, ouvir o estalar das brasas pipocando ao fogo, sentir o calor que estas chamas me dão e quem sabe no silêncio da noite que me envolve possa uma estrela me guiar, mostrando nova trilha. Sei que os incêndios ao se apagarem deixam profundas marcas, mas renovam a vida, trazem novos cheiros, outros sabores. Sei que um dia me perderei novamente nessas matas que me atraem, pois sem suas cores, incêndios e calor não saberia viver.
O que escrevi.
-
▼
2009
(117)
-
▼
julho
(18)
- Pelos olhos de Pagu...
- Chamas de minha vida...
- OS AMANTES
- Vermelho da paixão.
- O milagre do Pão
- Auxilio do NERUDA.
- Viajem trivial
- Desejos unilaterais.
- MULHER, HOMEM...
- As Meninas do Plantão.
- Encontros Casuais
- MADALENA
- APENAS UMA CANÇÃO...
- ENGANOS FATAIS....
- SAUDADES DE QUEM?
- VIAJANTES
- ... TIC, TIC da Tecnologia..
- PRAGAS URBANAS... PRAGAS HUMANAS.
-
▼
julho
(18)
Nenhum comentário:
Postar um comentário