Omar Talih


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sábado, 30 de outubro de 2010

Histórias sem fim.

A medida que tomava conhecimento de minhas raízes, sentia o sangue mais quente correndo nas veias. Ficava imaginando uma cena de faroeste. E pensar que tudo que acontecia, era motivado por um pedaço de terra. Não conseguia imaginar quão valioso poderia ser aquele caminho para o gado, com não mais de um metro de largura. Será que haveria solução pacífica para um conflito que a meu ver era banal, mas não era para eles o tipo de problema que se resolve na conversa. Enquanto os homens mudavam a cerca, meu primo, com o revolver na cintura foi ter com eles. Não houve dialogo. Quando ele se aproximou, um dos homens o atacou com um enxadão, golpeando-lhe a cabeça. Caído, retirou  a arma do coldre e levou-a em direção a um outro homem que o atacava, desferindo um golpe de facão. Um tiro soou e o inimigo cai ferido de morte, não sem antes acertar-lhe a mão, quase decepando um dedo. O primeiro agressor que estava com o enxadão, ao ver o irmão agonizando em seus últimos segundos de vida, novamente partiu para o ataque. Outro tiro, outro corpo caído ao chão. A bala penetrou pelo queixo do lado esquerdo e saiu pelo outro lado próximo a orelha, por isso a impressão de faltar um pedaço do queixo e enorme pelota abaixo dos olhos. Ainda com a arma na mão, aponta para os outros homens que acompanhavam aqueles que jaziam sobre uma poça de sangue. "__ Nós não temos nada com isso, só trabalhamos pra eles." As ferramentas foram abandonadas e socorrem os baleados. Um esta morto com um tiro no coração, o outro ofegante com o maxilar quebrado, olhos esbugalhados . Os empregados os carregam , enquanto meu primo ferido volta para casa. As duas fazendas estão muito distante da mais próxima cidade, onde haveria um hospital e uma delegacia de policia. O fazendeiro ferido foi levado para um povoado onde um " pratico", uma espécie de médico, farmaceutico e veterinário atende a população. A policia foi avisada e chegou uma semana depois, apenas para registrar o fato, ninguém foi sequer chamado para depor. O morto foi enterrado na propriedade, a cerca não mais foi mudada de lugar. Tempos depois, meu primo vendeu suas terras e mudou-se para Goiás. A partir dai e cheio de orgulho, esqueci-me da politica e mergulhei de corpo e alma naquele paraíso.  

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